10 erros de comunicação em projetos culturais
Que podem comprometer o alcance, o engajamento e até o sucesso das suas ações. Seja para uma mostra de arte, um espetáculo, uma oficina ou um festival, comunicar bem é tão importante quanto realizar. E, muitas vezes, o problema não está na falta de vontade, mas sim em hábitos que se repetem por falta de planejamento ou clareza.
Neste artigo, vamos desvendar os 10 erros mais comuns que afetam a comunicação de projetos culturais — e, claro, mostrar como evitá-los com soluções práticas, acessíveis e compatíveis com a realidade de artistas, produtores e coletivos culturais. Bora comunicar melhor?
1. Falta de Planejamento de Comunicação
Por que isso acontece?
A correria da produção cultural é real: tem edital para prestar conta, equipe para coordenar, espaços para negociar e ainda a execução artística em si. No meio disso tudo, a comunicação muitas vezes entra na última hora — como um “bônus” que se resolve com um post no Instagram.
Mas o que muita gente esquece é que comunicação também é estratégia, não só divulgação.
Consequências diretas para o projeto
Mensagens confusas ou fora de contexto
Postagens feitas “em cima da hora” e sem identidade
Público mal informado ou sem tempo de reagir
Perda de oportunidades de engajamento com imprensa, parceiros ou redes sociais
Projetos incríveis acabam passando despercebidos por falta de presença e clareza na comunicação. E o pior: a equipe sente que “ninguém se importa com o que foi feito”, quando na verdade, ninguém ficou sabendo direito.
Como resolver: comece com um plano simples e realista
Você não precisa ter uma super equipe ou um cronograma com 30 páginas. Um plano de comunicação enxuto, com o básico bem definido, já faz diferença.
Pense nos seguintes pontos:
Objetivo de comunicação: quero atrair público? Prestar contas? Construir comunidade?
Canais: vou usar redes sociais, e-mail, imprensa, cartazes físicos?
Público-alvo: estou falando com quem? Público geral? Artistas? Educadores?
Tom e identidade: vou falar de forma institucional, afetiva, direta, poética?
Frequência mínima: o que eu consigo manter? Um post por semana? Stories 3x por semana?
📌 Dica prática: dedique um tempo na fase de pré-produção para pensar em comunicação, da mesma forma que você pensa em orçamento e logística. Planejar evita retrabalho, economiza energia e potencializa os resultados.
2. Comunicação Focada Apenas no Evento Final
Ignorar os bastidores é desperdiçar valor
Um erro muito comum é só começar a comunicar quando o evento já está prestes a acontecer, como se tudo se resumisse à apresentação final, à abertura da exposição ou à exibição do espetáculo.
Mas no universo cultural, o processo é parte da obra. Os ensaios, as oficinas, os preparativos, os encontros com a comunidade — tudo isso tem valor comunicacional.
Mostrar só o “produto pronto” tira do público a chance de acompanhar a jornada e criar vínculo com o que está sendo construído.
O público gosta de acompanhar processos reais
Pense em como você mesmo se conecta com projetos: é mais fácil se envolver quando você vê os bastidores, entende as motivações, conhece os rostos por trás da criação.
Nos projetos culturais, isso se aplica ainda mais: afeto, conexão e identificação são combustíveis para o engajamento.
Você pode mostrar, por exemplo:
Bastidores de ensaios ou montagem
Processos de pesquisa e curadoria
Encontros com a equipe
Trechos de oficinas ou rodas de conversa
Reações espontâneas do público
Dificuldades e aprendizados (com responsabilidade, é claro)
Comunicação como jornada, não só resultado
Pense em sua comunicação como um diário visual e narrativo da construção do projeto. Ao longo das semanas, o público vai se aproximando, entendendo, torcendo — e quando o evento final chega, a sensação de pertencimento é muito maior.
📌 Dica prática: crie uma pasta de “conteúdos de processo” com fotos e vídeos curtos durante toda a execução. Isso facilita alimentar as redes e dá insumos para divulgação futura, releases e prestação de contas.
3. Ausência de Identidade Visual e Tom de Voz Coerentes
Cada post parece de um projeto diferente?
Um erro comum entre projetos culturais é não manter uma identidade visual e um tom de comunicação consistentes. Um dia o post tem fundo preto com letra branca, no outro é uma arte rosa cheia de emojis, depois vem um texto super formal, seguido de uma piada interna. Resultado? O público não reconhece o projeto como um todo.
Essa falta de padrão transmite desorganização e falta de profissionalismo, mesmo que o conteúdo seja bom.
Por que identidade e tom importam?
Sua identidade visual (cores, fontes, estilos) e o tom de voz (a forma como você escreve e fala) são ferramentas para criar reconhecimento e conexão emocional.
Imagine ver um post com fundo vermelho, tipografia retrô e uma legenda afetiva e próxima. Na semana seguinte, vê outro post com layout clean, azul e linguagem fria e institucional. Confuso, né? O público não sabe se é o mesmo projeto — ou se está no perfil certo.
Como construir consistência sem complicar
Você não precisa contratar uma super agência para isso. Algumas práticas simples já ajudam muito:
Escolha 2 ou 3 cores principais e mantenha esse padrão nas artes.
Use sempre a mesma fonte (ou combinação de fontes) nos materiais.
Crie um modelo base de post, stories e reels, usando o Canva ou similares.
Defina o tom da sua escrita: mais poético? Direto? Engajado? Engraçado? E mantenha essa linha.
📌 Dica prática: crie um mini “guia de identidade” do projeto com exemplos visuais e frases que reflitam seu estilo. Isso ajuda mesmo se só você for responsável pela comunicação.
4. Usar Só Cartaz e Textão na Divulgação
Formato de panfleto digital está ultrapassado
Muita gente ainda acredita que fazer “a comunicação do projeto” significa criar um cartaz com todas as informações + uma legenda enorme explicando tudo. E pronto. Mas o comportamento das pessoas nas redes sociais mudou — e muito.
Hoje, o público quer consumir conteúdo em múltiplos formatos e em doses menores. Um post único, cheio de texto, pode ser ignorado ou até gerar desinteresse, mesmo que a atividade seja incrível.
Como adaptar conteúdo sem perder a essência
O segredo está em reaproveitar as mesmas informações de forma fragmentada e criativa. Em vez de colocar tudo em um único card, você pode:
Dividir o conteúdo em posts em carrossel, explicando aos poucos
Fazer vídeos curtos (reels) com cenas dos bastidores ou convites falados
Criar stories interativos, com enquetes, contagem regressiva, perguntas
Postar bastidores com legenda leve: “hoje foi dia de montar cenário!”
Mostrar o espaço: “olha como ficou o local da oficina de amanhã!”
Isso não significa abandonar o cartaz (ele ainda é útil!), mas sim usá-lo como parte da estratégia, e não como o todo.
Conteúdo bom precisa ser digerível
Você pode (e deve!) falar da sua programação, valores, equipe, objetivos, público, artistas convidados… Mas não tudo de uma vez.
📌 Dica prática: antes de postar, pergunte: “esse conteúdo está fácil de entender e convidativo para quem nunca ouviu falar do projeto?” Se a resposta for “não”, vale adaptar.
5. Não Saber Para Quem Está Falando
Você conhece seu público? Ou só supõe?
Um dos erros de comunicação em projetos culturais mais recorrentes é falar com “todo mundo” — e acabar não se conectando com ninguém. Muitos projetos culturais têm propostas amplas, inclusivas e pluralistas (ótimo!), mas isso não significa que você deva se comunicar de forma genérica.
Às vezes, por medo de excluir, o projeto evita especificar para quem é aquela ação. Resultado: a mensagem fica vaga, distante e sem apelo direto.
Segmentar não é excluir — é aprofundar
Saber quem é seu público ajuda a falar a língua certa, escolher os canais certos, criar conteúdos que tocam de verdade. Você pode ter mais de um público-alvo (por exemplo, educadores + crianças + parceiros culturais), e cada um vai exigir uma abordagem diferente.
Por exemplo:
Para jovens, usar linguagem mais informal, vídeos curtos e memes pode funcionar.
Para professores, talvez um e-mail bem escrito com PDF informativo funcione melhor.
Para gestores ou patrocinadores, um release direto e objetivo pode fazer mais sentido.
Ferramentas simples para conhecer melhor seu público
Você não precisa fazer uma pesquisa de opinião mega elaborada. Experimente:
Fazer caixas de pergunta nos stories: “como você conheceu nosso projeto?”, “o que gostaria de ver mais aqui?”
Usar Google Forms simples no fim de oficinas ou eventos
Observar os dados do Instagram Insights ou do YouTube Studio
Prestar atenção nos comentários, DMs e interações espontâneas
📌 Dica prática: crie “personas” do seu projeto. Exemplo: Ana, 25 anos, estudante de teatro; Paulo, 48 anos, professor de escola pública. Isso te ajuda a visualizar para quem você está escrevendo.
6. Falta de Clareza nas Chamadas e Convites
“Participe da nossa ação!” não diz quase nada
Um erro clássico: postagens que anunciam atividades com frases genéricas demais, como:
“Vem aí um projeto lindo!”
“Participe da nossa vivência!”
“Estamos com inscrições abertas!”
Mas… do que se trata? Para quem é? Quando e onde acontece? É pago? Gratuito? Precisa de inscrição?
A falta de clareza nas chamadas faz com que o público tenha que adivinhar ou procurar mais informações — e, muitas vezes, ele simplesmente não tem tempo ou paciência para isso.
Convites bons são específicos, diretos e acessíveis
Bons exemplos de chamadas:
“Oficina gratuita de bordado narrativo para mulheres 60+ – dias 12 a 14/06 em SP, com intérprete de Libras. Inscreva-se no link!”
“Neste sábado, às 17h, tem espetáculo de dança no Largo do Rosário. Traga sua família!”
Você pode usar a criatividade e manter o tom do projeto, mas sem esquecer de responder às perguntas básicas:
O quê?
Quando?
Onde?
Para quem?
Precisa de inscrição? É gratuito?
Teste diferentes chamadas e veja o que funciona
Você pode postar um mesmo conteúdo com chamadas diferentes e observar qual teve mais cliques, comentários ou compartilhamentos. Isso te dá pistas sobre como seu público reage melhor.
📌 Dica prática: crie um modelo de post “convite” com esses elementos fixos. Isso facilita repetir o processo em novas ações e ajuda a manter a clareza.
7. Não Usar os Canais Certos (ou Usar Todos Sem Critério)
Estar em todas as redes não significa estar presente
Outro erro muito comum é achar que quanto mais canais de comunicação, melhor. Aí o projeto tenta estar no Instagram, Facebook, TikTok, Twitter, WhatsApp, Telegram, YouTube, LinkedIn… e acaba não fazendo bem em nenhum. Ou, pior, publica o mesmo conteúdo em tudo, sem adaptar linguagem ou formato.
Por outro lado, há projetos que se limitam a um único canal, como o Instagram, ignorando que o público pode se informar por outros meios (e-mails, grupos, rádio comunitária, panfletos físicos…).
Comunicação boa é comunicação adequada
A pergunta certa não é “onde todo mundo está?”, mas sim:
Onde está o meu público e como ele consome informação?
Por exemplo:
Se você trabalha com público jovem periférico, o WhatsApp pode funcionar muito melhor que o e-mail.
Para divulgação em escolas, um PDF para os professores pode ser mais eficaz do que stories no Instagram.
Em cidades pequenas, rádios locais e boca a boca ainda são ferramentas muito poderosas.
Como escolher os canais certos?
Observe onde o público engaja mais. Veja comentários, respostas, curtidas, compartilhamentos.
Converse com as pessoas. Pergunte como elas souberam da última atividade.
Respeite seus limites. Melhor estar em 1 ou 2 canais com constância e qualidade do que em 5 com abandono.
Adapte o conteúdo. Um mesmo vídeo pode virar um post, um reels, um gif no WhatsApp e um frame no cartaz impresso.
📌 Dica prática: escolha no máximo 3 canais principais e defina sua frequência ideal em cada um. Use um quadro simples para organizar.
8. Ignorar Acessibilidade e Diversidade na Comunicação
Comunicação acessível não é “bônus” — é essencial
Muitos projetos culturais têm compromisso com inclusão, diversidade, democratização da arte. Mas isso nem sempre se reflete na comunicação. Ignorar a acessibilidade pode deixar de fora pessoas com deficiência, públicos marginalizados ou quem simplesmente precisa de formatos alternativos para compreender e participar.
Esse é um dos erros mais invisíveis — e mais sérios — na comunicação cultural.
Exemplos de barreiras na comunicação cultural
Publicações sem descrição de imagem para pessoas cegas
Falta de legenda em vídeos para surdos
Linguagem difícil ou acadêmica, que exclui parte do público
Divulgação de atividades em locais com acesso limitado sem considerar transporte, intérprete ou apoio
E também:
Uso exclusivo de texto, ignorando pessoas com baixa alfabetização
Palavras que reforçam estigmas ou estereótipos sem querer
Como tornar sua comunicação mais inclusiva
Você não precisa resolver tudo de uma vez, mas comece com passos possíveis:
Descreva as imagens nas legendas dos posts (ex: “Foto: roda de conversa com mulheres negras sentadas em círculo, sorrindo”)
Legende seus vídeos, nem que seja com o básico
Use linguagem simples, direta e empática
Informe se haverá intérprete de Libras, acessibilidade física ou outras medidas de inclusão
📌 Dica prática: antes de postar, pergunte: “essa informação pode ser compreendida por quem tem deficiência visual, auditiva ou por alguém com baixa escolaridade?” Se a resposta for “não”, vale adaptar.
9. Ignorar a Importância de Contar Histórias
Falar sobre o projeto é importante, mas contar histórias é essencial
Um erro muito comum nos projetos culturais é focar apenas nos dados e informações sobre a atividade, mas não se atentar ao poder das histórias. O ser humano é naturalmente atraído por narrativas — elas criam conexões emocionais profundas.
Ao invés de simplesmente falar “oficina de grafite, 20 vagas”, você pode contar a história de um artista que vai dar a oficina, ou de como aquele espaço está sendo transformado pela arte. Isso gera engajamento e identificação.
A força das histórias no engajamento
Histórias são universais. Elas conseguem humanizar o projeto e transformar uma simples informação em algo memorável.
Pense:
Um depoimento de quem já participou de uma atividade
O processo de criação por trás de uma obra
A trajetória de um artista, coletivo ou parceiro envolvido
O impacto do projeto na comunidade
Esses relatos pessoais e emocionais geram uma conexão que vai muito além dos números.
Como contar boas histórias?
Mostre a jornada, e não apenas o resultado final.
Use vídeos curtos com relatos de participantes e artistas.
Publique textos e fotos que transmitam os sentimentos do projeto, e não só dados frios.
Fale sobre transformações: “Esta oficina ajudou 50 jovens a entender o poder da arte na transformação de comunidades.”
📌 Dica prática: comece a documentar a jornada do projeto desde o início. Cada etapa pode virar uma história que encanta o público e gera engajamento.
10. Não Acompanhar os Resultados da Comunicação
Medir para melhorar
Por último, um dos erros mais fatais: não avaliar os resultados da sua comunicação. Você pode estar fazendo tudo certo, mas sem saber se está tendo impacto. E é assim que o projeto vai se arrastando sem alcançar o público desejado.
Sem medir o que está funcionando (ou não), fica difícil tomar decisões estratégicas e aprimorar os métodos de comunicação.
Como mensurar o sucesso da sua comunicação?
Instagram Insights: analise as interações, cliques e alcance das publicações
Google Analytics: se você tem um site ou blog, verifique as páginas mais acessadas e de onde vêm os visitantes
Pesquisas com o público: após atividades, envie um formulário simples perguntando como as pessoas ficaram sabendo sobre o evento
Feedback direto: ouça a equipe e os participantes sobre como a comunicação pode ser melhorada
Ajustando a rota conforme os resultados
Com base nas informações obtidas, ajuste a frequência das postagens, os formatos de conteúdo e até a linguagem utilizada. O importante é não deixar a comunicação “seguir no piloto automático” sem entender o que realmente está impactando seu público.
📌 Dica prática: estabeleça metas de comunicação (ex: aumentar 20% de interações nas redes) e acompanhe os resultados semanalmente.
Não Cometa Esses 10 Erros, Construa uma Comunicação Eficaz!
Agora que você conhece os 10 principais erros de comunicação em projetos culturais, fica mais fácil identificar onde estão as oportunidades de melhoria no seu processo de divulgação e engajamento. A comunicação é um dos pilares mais importantes para o sucesso de qualquer projeto cultural, e evitar essas falhas pode ser o diferencial para que sua iniciativa ganhe visibilidade e se conecte de verdade com o público.
Lembre-se: comunicar não é só passar uma mensagem, é criar laços, despertar emoções e gerar impacto.
Cada erro cometido é uma oportunidade para aprender e crescer, e o mais importante é não ter medo de ajustar a rota. Se você identificar onde está errando, terá todas as ferramentas para corrigir e melhorar continuamente sua comunicação.
Quer melhorar a comunicação do seu projeto cultural e engajar mais pessoas?
Não espere mais!
Entre em contato com Caró e descubra como podemos te ajudar a criar uma estratégia de comunicação eficaz, alinhada com os seus objetivos e com a essência do seu projeto.